sábado, 22 de maio de 2010

Bandinha Ritmica

Foto: Acácio Rodrigues Filho

Sobre a foto é possível observar que os instrumentos que compõe a bandinha ritmica, são em sua maioria instrumentos de percussão, aqui nesta foto por exemplo, só tem instrumentos de percussão. Existem outros instrumentos musicais que poderiam ser usados na bandinha, inclusive instrumentos de sopros e cordas, que fazerm parte do instrumental Orff.  (este comentário não faz parte da monografia, fonte do texto abaixo).

Bandinha Rítmica.

A bandinha rítmica ou banda rítmica é uma das atividades dentro da musicalização, onde promove a arte musical e trabalha diversos elementos do desenvolvimento humano e social.

Esses elementos, considerados nesta monografia “fatores positivos”, são importantes na vida da criança ou do adolescente, sendo um dentre vários assuntos sobre a bandinha rítmica que será explanado e argumentado, em especial, neste capítulo.

2.1 - Importância desse grupo.

A bandinha é uma das atividades da musicalização que pode colocar, pela primeira vez, a prática de conjunto na vida artística da criança ou do adolescente.

Dentre os assuntos da musicalização, que usa o ensino coletivo de música, a prática da bandinha vem a promover a criança ou o adolescente, como ser humano e social, trabalhando em vários aspectos, tais como: o físico, o cognitivo, o afetivo e o emocional. Por isso, a bandinha é um assunto e uma atividade artística de especial importância e, que não poderia ficar de fora deste trabalho.

Apesar de tal importância, ainda é pouco explorada a atividade da banda rítmica, principalmente, se levar em consideração o seu grande potencial pedagógico, como afirma Feres, logo a seguir: “Embora seja uma das atividades favoritas num curso de musicalização, a banda rítmica é muito pouco explorada se considerarmos seu imenso potencial pedagógico.” (Feres, 1989, p. 41).




2.2 – Origem e definição

Na minha simples explicação, a bandinha rítmica é uma “miniatura” dos grupos musicais de percussão.

Acredito que a banda rítmica busca esse modelo musical, por ter no grupo de percussão um grande trabalho rítmico e musical, com possibilidades de trabalhar inúmeros elementos básicos da música, principalmente, quando agregado a um instrumento harmônico, ou, com o acompanhamento de um play-back colocado pelo educador.

Pensando nisso, achei importante deixar esta colocação de Sá Pereira, em seu livro, Bandinha rítmica – organização e prática, que reforça minha concepção: “- Ora, uma das primeiras manifestações musicais da criança é o ritmo. Partindo da observação deste fato, surgiu a idéia dos conjuntos de percussão, especialmente da Bandinha Rítmica, atividade adotada hoje em toda parte” (Sá Pereira, 1971, p 4).

A bandinha rítmica, na minha definição, é um grupo integrado por crianças ou adolescentes (garotos ou garotas), com o objetivo principal de musicalizar e promover a arte musical. Composto por instrumentos musicais da família da percussão, acompanhado por um instrumento harmônico, ou, um play-back, ou, às vezes, um outro grupo musical. É conduzida, organizada e orientada por um educador conhecido por “regente”, o qual conduz o grupo de “músicos” através de seus gestos pré-determinados e semelhantes ao do regente dos grandes grupos musicais, com a finalidade artística e musical.

2.3 - Aplicação: fase escolar e faixa etária.

A bandinha rítmica é normalmente aplicada na infância (e parte da adolescência), idade correspondente ao nível escolar da educação infantil e do ensino fundamental de 1ª a 4ª séries (ciclo I e II), que vai dos três aos dez anos de idade.
Essa faixa etária é considerada a melhor fase de aplicação da musicalização e da atividade da bandinha rítmica, sendo uma fase de grande interesse e aceitação da iniciação musical coletiva por parte da criança.

Além dessa aceitação, é também nessa faixa etária que ocorre um intenso desenvolvimento físico e cognitivo, despertando tão cedo a criatividade e outras habilidades, colocadas de forma natural na vida dos integrantes.

Apresento uma argumentação de Feres, referente a iniciação musical com adolescentes, onde deixa claro a dificuldade encontrada para trabalhar a musicalização iniciada a partir dessa fase da vida.

Na maioria dos currículos escolares brasileiros, a educação musical tem início na pior idade. O adolescente, com seu elevado grau de senso crítico, tem vergonha de cantar, não gosta das canções que são usadas na iniciação musical porque seu ouvido está apenas preparado para a música de consumo, e há, ainda, o problema de mudança da voz, que expõe ao ridículo os rapazes que passam por essa fase. (Feres, 1989, p. 3)

Aproveitando essa argumentação de Feres, associo a atividade de cantar da iniciação musical, por ela abordada no texto anterior, com a atividade proposta pela bandinha, onde os adolescentes, também, podem sentir alguma inibição em tocar os instrumentos da bandinha, em participar desse grupo e, em tocar as músicas propostas pela iniciação musical na bandinha.

Ao meu ver, eles gostariam de tocar algo mostrado na mídia, como a música de consumo, ou, algo particular de seu gosto. Também, gostariam de tocar instrumentos próximos ao de tamanho original ou comum e, não os pequenos instrumentos da banda rítmica. O que eles não entendem muitas vezes, é a necessidade do trabalho da musicalização proposto pelo educador e, não percebem o quanto é importante a iniciação musical para que consigam entender, aprender e perceber elementos básicos da música, melhorando a percepção e o gosto para as músicas que vão ouvir ou tocar.

Ainda, sobre esse mesmo texto de Feres, com relação à faixa etária, acredito que essa dificuldade de musicalizar os adolescentes é devido ao contato tardio que eles recebem com a musica, o que já deveria ter ocorrido na infância.
Então, se ocorresse o inicio da musicalização na infância (1a a 4a séries – ciclo I e II), e, houvesse uma extensão de todo o trabalho de musicalização para a fase seguinte, existiria a grande possibilidade de desenvolver um trabalho melhor, consciente, com aproveitamento e, de maior aceitação na fase da adolescência (5a a 8a séries – ciclo III e IV), levando esse trabalho para o resto do ensino fundamental e, quem sabe, propondo a outros níveis de ensino e fases da vida do indivíduo.

Na adolescência, em geral, exigirá um esforço maior do educador, buscando um trabalho diferenciado daquele da infância e, mais direcionado - especialmente a essa faixa etária, devido às particularidades e interesses da idade.

Alguns problemas apresentados, nessa fase são: problemas de identidade; problemas emocionais e afetivos com os pais, com as amizades e os namoros que interferem no aproveitamento escolar; problemas com a aceitação da atividade coletiva em conjunto com crianças (se houver no grupo a diferença de idade); os adolescentes são muito críticos, não aceitando tudo que propomos desenvolver; problemas de identidade e busca profissional que interferem; etc.

Deixo aqui uma sugestão da musicalização em outras faixas etárias ou fase da vida:

Nada impede de ser feito um trabalho experimental e educacional com adultos, principalmente, se estes estiverem nas mesmas condições de “analfabetismo musical”, ou seja, na falta de musicalização e de noções elementares de música, como qualquer criança ou adolescente pode se encontrar.

É obvio que as dificuldades e soluções serão outras com a fase adulta e, na maioria das vezes com caminhos diferentes para trilhar. Mas, esse assunto é apenas uma sugestão que deixo, para um outro trabalho de pesquisa ou monografia.




2.4 - Acompanhamento da bandinha rítmica.

Para acompanhar esse grupo, é interessante que seja um instrumento harmônico como: o piano, o teclado ou o violão. O educador pode usar um play-back das músicas escolhidas para a bandinha tocar junto. Pode convidar algum grupo para tocar ou cantar juntos como um trabalho experimental. Por exemplo: um grupo de flautas doces, um coral infantil ou um grupo formado com a metade da classe que gosta de cantar e outra metade toca na bandinha etc.

Às vezes, o educador ou regente pode contar com o auxilio de um músico que toque e acompanhe o grupo. Mas, é de suma importância o educador saber tocar um instrumento harmônico, pois nem sempre pode contar com o auxilio de alguém para tocar com o grupo.

2.5 - Número de integrantes e formação instrumental.

Infelizmente, não encontrei dados concretos referente à quantidade de integrantes da bandinha. Pesquisei alguns livros e métodos referentes ao assunto e, nenhum dos que li citavam quantidade de integrantes. Apenas a pesquisa em campo me deu alguns subsídios.

De acordo com algumas experiências vivenciadas de trabalhos de organização e prática da bandinha, foi possível obter alguns dados. O que observei, para um trabalho simples de iniciação musical pela bandinha, que é possível agrupar de vinte até umas quarenta crianças ou adolescentes, num espaço de sala de aula de tamanho comum, de uns quarenta e nove metros quadrados aproximadamente.

Para esse grupo ou formação são usados quatro tipos de instrumentos mais comuns, que devem ser distribuídos em quatro fileiras. Um exemplo com quarenta integrantes na sala de aula: dez educandos na primeira fila, com claves; dez na segunda, com pandeiros; dez na terceira, com triângulos; e, dez com chocalhos na quarta fila. Esse trabalho utiliza apenas quatro instrumentos.

Referente a formação e a quantidade de crianças no grupo da bandinha é possível perceber que é algo um tanto relativo.

O que pode pesar para a escolha da quantidade e dos instrumentos a serem usados na bandinha, é: a experiência e o bom senso musical do educador; a proposta e os objetivos musicais para o grupo; a quantidade e o tipo de instrumentos disponíveis para trabalhar; o número de educandos disponíveis; o nível de conhecimento do grupo; o repertório proposto; o espaço físico disponível para o trabalho do grupo; etc.

2.6 - Musicalização.

A bandinha é uma atividade oferecida para musicalizar. Ela colabora para a vivência e prática musical em grupo. Tudo aquilo que vem sendo aprendido na teoria musical ou na prática de instrumento, como os elementos básicos musicais (altura, intensidade, andamento, ritmo e melodia), serão abordados com a prática da bandinha, que ensina e complementa a teoria e prática da aprendizagem musical.


Referencias:
RODRIGUES FILHO, Acácio; VITO DE JESUS, Raphael Egídio. Ensino Musical Coletivo - desenvolvimento humano e social. Tatuí, 2005. 97 pág. Trabalho de Conclusão de Curso. Faculdade de Educação Artística. Associação de Ensino Tatuiense

6 comentários:

  1. Olá Acácio!
    Muito interessante esse texto sobre a bandinha rítmica!
    Sabemos que ela é uma das principais ferramentas utilizadas pelos educadores musicais, por isso é primordial conhecer tal material didático que se tem em mãos, seja em sua origem, em sua manipulação... A bandinha proporciona uma riqueza musical para o ensino!
    Abraços!

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  2. Olá Acácio! Convido voce a visitar o meu blog!
    Abraços!

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  3. Obrigado Taìs pelo comentário. Valeu.
    Abraços!

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  4. Pessoal este trecho da monografia é uma das partes que escrevi, vou postar outras partes e fotos futuramente.
    Abraços.

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  5. Caro Acácio: Música, acima de tudo é inspiração, Sentimento, Arte e Poesia. A cada dia me conscientizo de que é a própria Música que escolhe quem vai escrevê-la.(...) Tentar buscar tal perfeição dessa necessidade especulativa e imperiosa, que é a serva da vontade criativa... Predominante unicamente em melodia e harmonia... Descobrimos a riqueza que nela existe. Entramos em sintonia mais profunda com o absoluto. Parabéns pelo blog! Um grande abraço... Pacco

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  6. Pacco, obrigado pelo comentário. Um grande abraço.

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